Essa data para os que
já adquiriram ou desenvolveram uma consciência negra, negrÃssima, enegrecida,
traz a memória da luta e organização social de um povo pautada na contra-hegemonia
vivenciada por uma parcela explorada do povo brasileiro, e parafraseando os
Panteras Negras, especificamente pelo PPP - Povo Preto, Pobre.
Há alguma semelhança
com os dias atuais?
Até que ponto você é
ingênuo em achar que as manifestações “festivas” alusivas ao 20 de novembro
decorrem da sensibilidade das autoridades governamentais com a história do
nosso povo negro?
Este ano em nossa
cidade de União dos Palmares conhecida pelo valor histórico, ressalto o valor
histórico para a consciência negra, não haverá nenhuma atividade na cidade neste
dia 20 que lembre nossos ancestrais quilombolas, pois as atividades estarão
concentradas apenas na Serra da Barriga, nada mais justo, porém, intrigante.
Lembro que desde o
tombamento da Serra da Barriga sempre ocorreram atividades artÃstico-culturais
no centro e arredores da cidade, exceto este ano de 2012. Há uma pergunta no
imaginário e na boca dos palmarinos, porque não este ano? Que fatores
dificultam ou impedem apresentações na cidade?
Será que o poder
público estadual e municipal reviveram a célebre ação de Pilatos, lavaram aos
mãos? Ou será que faltou aos grupos culturais reviverem o princÃpio quilombola
de outrora, a luta, a organização e a mobilização?
Aprofundando as
reflexões sobre o novembro de 2012 nos deparamos com fatos reveladores que nos
permitem algumas analogias com o perÃodo colonial, pois em nossa cidade tivemos
algumas atividades vivenciadas e organizadas por diferentes grupos sociais.
A exposição fotográfica
sobre dona Irinéia “Irinéia: um sutil olhar” que enaltece o valor vivo da
história negra foi realizada sem investimento do poder público e está em
exposição na Casa Maria Mariá sendo mais prestigiada por visitantes de outros
municÃpios.
Entre exposições de
filmes étnicos, sarau e oficinas de graffite destaco a organização do movimento
de rua que de um jeito peculiar realizou competições de dança e uma festa Black em
plena praça, mas eis que a população “uma parcela que mora nas imediações”
sentiu-se incomodada com a festa realizada pelo PPP, e insistentemente buscaram a intervenção
policial. Imagino como foi ultrajante testemunharem uma festa sem grandes
estruturas, mas com ritmos que remetem ao “bom gosto musical” da periferia, a
pura musica Black.
Em contrapartida, no
mesmo dia ocorreu uma cavalgada aparentemente com imponentes cavaleiros, o
intrigante fica por conta dos vultosos investimentos e presença de autoridades
governamentais, além do trajeto que muito lembra as caçadas aos negros
fugitivos da escravidão, afinal os negros não usavam cavalos no trajeto tinham
como transporte o próprio corpo motivados pelo desejo de liberdade. E qual terá sido o espÃrito motivador da
cavalgada? Relembrar a fuga ou a caçada feita pelos capitães do mato?
O intrigante fica por
conta da semelhança com o perÃodo colonial. Festa nos terreiros das senzalas,
por vezes oprimidas e interrompidas pelas autoridades constituÃdas e festa para
os convidados dos senhores da “casa grande” com divulgação, solenidades e altos
gastos.
Este ano sentirei falta
de ver ao menos em um dia a cidade enegrecida, com a população testemunhando,
ao menos de forma ingênua, discursos aclamados sobre a valorização da minha
ancestralidade, dançando ao som de atabaques. Restando-me as atividades na
Serra da Barriga relembrando a história épica do Quilombo dos Palmares.
Quem nunca ouviu a
expressão “20 de novembro a festa dos negros”? Interessante é que os que
propagam essa expressão não se sentem, ou se percebem descendente de negros, ou
seja, afrodescendentes.
Não queremos apenas
festa, comemorações, atividades artÃstico-culturais, queremos acima de tudo, respeito e valorização da memória de nosso
povo.
O texto nos mostra as dificuldades fÃsicas e virtuais nas escolas para que os professores desenvolvam um bom trabalho na area tecnologica.É necessário esse avanço pois o educando atualmente se encontra antenado no mundo de informações e cabe as escolas se adequarem a essa nova realidade.
ResponderEliminarANDREZA E GERALDO
O texto nos mostra as dificuldades fÃsicas e virtuais nas escolas para que os professores desenvolvam um bom trabalho na area tecnologica.É necessário esse avanço pois o educando atualmente se encontra antenado no mundo de informações e cabe as escolas se adequarem a essa nova realidade.
ResponderEliminarANDREZA E GERALDO